Quantcast
Channel: OLAVO PASCUCCI
Viewing all 31 articles
Browse latest View live

BAITOLAGEM EM QUADRINHOS

$
0
0

Há poucos dias a DC Comics, por meio de um editor esquisitão que assina um suspeitíssimo Dan DiDio, anunciou que traria a público, em junho, que um de seus super-heróis encara quibes na contramão. Imediatamente se ouviu um álacre alarido de gritinhos e guinchos. Os primeiros, naturalmente, dos perobos de todo o gênero, que comemoram o saimento (do inglês outing) de mais uma celebridade, o que a seus olhos torna mais respeitável o vício feio de dar o cu. Os segundos, dos retardados de todas as idades, que há décadas especulam se o Batman não arrebenta os entrefolhos do garoto Robin quando ninguém está olhando, como se os dois personagens tivessem existência autônoma depois do momento em que o leitor larga a porra do gibi.

Ora, muito bem, a veneranda editora nova-iorquina houve por bem fazer graça com essas duas constituencies tão numerosas entre seu público pagante. Nesse contexto, é perfeitamente natural e legítimo que as atenções se voltem a um marmanjo suspeitamente solteiro depois dos quarenta que veste roupas justas de couro preto, tem um mordomo chamado Alfred, torce pelo Fluminense e adotou como sobrinho um adolescente malabarista. Este observador incréu, no entanto, lamenta ver-se forçado a estragar a festa precipitada dos leitores que já se dirigem ao banheiro com a revistinha do Batman debaixo do braço, enquanto besuntam de vaselina uma berinjela hirta e preta. E observa que o sr. DiDio, ao contrário deste comentarista vulgar, jamais falou em quibes e contramãos e, consultado por este blog, recusou-se a esclarecer em termos categóricos se havia cu na parada. Ao contrário -- reparai bem --, o sr. DiDio, perobo que é, disse apenas que a DC Comics revelará que um de seus personagens é gay.

Muito bem: é sabido que, entre os baitolos, o adjetivo ora empregado designa tanto os perobos propriamente ditos como -- e este é o ponto central destas minhas observações -- as fanchas e sapatas que, exatamente como o respeitável público, apreciam enterrar o crânio numa xavasca alheia, hirsuta ou glabra. De modo que o personagem de cuja homossexualidade se trata pode tanto ser o Batman (o que é mau, porque envolve práticas felizmente ainda não sancionadas como a pedofilia e o abuso de menores) como a Mulher Maravilha (o que é bom, porque poupará a geração que ora atinge a puberdade da prática malsã, que grassou em minha geração, de tocar punhetas para a Smurfette).

A hipótese de uma Diana fancha faz perfeito sentido histórico (Heródoto, afinal de contas, glosou páginas e páginas, com uma mão só, relatando a prática disseminada do tribadismo e do analingus entre as amazonas) e estético (sua Sarmátia natal, na atual Ucrânia, sendo o que de mais próximo existiu do Éden mitológico, sem a desvantagem de haver por lá Adões com a trosoba balangando ao correr dos bichos que rastejam). Exatamente por isso, é boa demais para ser verdade. Não: tendo em vista a arruacinha histérica com que o sr. DiDio anunciou e o público solicitante recebeu a notícia, infelizmente devemos esperar que o enredo ansiosamente aguardado em comarcas como Campinas, Porto Alegre e o Morumbi de fato envolva a fealdade atroz de pra-te-levas devastando lortos peludos. Envolver o Homem-Morcego nessa patacoada, por outro lado, tem o inconveniente de constituir apologia de fato criminoso, art. 287 do nosso Código Penal (ver o § 3º supra). De modo que o breakthrough tão festejado pelos degustadores de mangalhos muito provavelmente se limitará a um personagem menor desse universo. Minha aposta? Aguardem para breve a visão perturbadora do Lanterna Verde sendo submetido a impiedosa sessão de fist fuckingpelo Dr. Octopus, que contempla as ranhuras de seus próprios tentáculos metálicos com a dúvida desalentadora: “Como é que eu vou fazer para lavar esta merda?”

RECONHECIMENTO TARDIO

$
0
0


Certa feita, quando este autor andava pela casa dos vinte-e-poucos (anos, não centímetros) e não conhecia a xavasca importada senão das revistinhas dinamarquesas que folheara, na infância profunda, nas aulas de catequese do Colégio São Bento, resolveu fazer uma degustação tão ampla quanto variegada do produto onde se o achava com mais disponibilidade. O leitor sofisticado fará um muxoxo de nojo, enquanto limpa o jato de esperma das sobrancelhas, a qualquer sugestão de que esse idílico Epcot Center das xoxotas esteja em Nova York ou qualquer outro grande centro do melting pot americano. Parbleu!, dirá, sentando meio torto na ottomane que lhe decora a alcova, antes de explicar que o local ideal para empreitadas gastronômicas desse porte é, naturalmente, Florença.

E, com efeito, em nenhuma outra cidade da Terra haverá tamanha profusão da espécie mais fodeca de tantas em quantas se dividirá o gênero feminino: a estudante de arte. De modo que de lá voltei com a caralha meio gasta, mas saciada da sova de xavascas fulvas, ruivas e transversas que levou, pobrezinha, de moçoilas escandinavas, americanas e japonesas (respectivamente). 

No vôo de volta, sentou-se ao meu lado um rapazinho evidentemente pederasta, que aparentemente fizera o mesmo trajeto com ambições puramente intelectuais. Falou-me da Uffizi e dos perobos renascentistas que se alternavam entre pintar matronas incomíveis e esculpir florentinas trosobas tristes (e moles), e fê-lo com a afetação que era lícito esperar dum representante de seu grêmio. Quando, algo tímido, insinuei que percorrer todo o museu numa tarde se me revelara programa cansativo, o rapazola sentenciou-me em tom superior, com o indefectível dorso da mão na cintura:

— Isso é porque você não é como eu, um apaixonado pela arte.

Estas reminiscências vêm a troco do artigo Arte Séria, publicado pelo sr. Alexandre Soares da Silva na edição deste mês da revista Alfa (com a bucetuda Sabrina Sato na capa). No texto, o autor desenvolve mais ou menos o mesmo ponto que eu, ao obtemperar que "é preciso desconfiar dessa gente que vive fazendo loas à Alta Cultura" e que "declarar amor à Alta Cultura é como declarar amor à Justiça e aos bons sentimentos: a marca dos canalhas". Desenvolve-o, no entanto, sem jamais ir ao âmago da questão: além de canalhas, é coisa de quem aprecia mesmo é uma sólida pra-te-leva pulsante a magoar-lhe furiosamente as paredes do intestino grosso e, quiçá, do delgado.

Mas não pretendo abusar da paciência do leitor com um libelo contra a alta cultura ou, mais exatamente, contra essa raça vil que não resiste a declarar seu amor por cousas mais elevadas a qualquer cristão que lhes conceda trinta segundos de atenção imerecida. Não: se hoje abandono a gravação que fiz da Fátima Bernardes de rabo-de-cavalo em Encontro— gravação que guardei para inspirar-me imaginando serventias que eu daria para o dito rabo-de-cavalo enquanto diria cousas porcas à MILF quintessencial da televisão brasileira —, e se hoje torno a incomodar o público leitor, é apenas para assinalar que a mesma reportagem, à página 50, dedica um espaço a este vosso criado na Pequena lista de coisas que realmente importam agora, onde figuro ao lado de ninguém menos que Mario Benedetti e — estranhamente, para quem decerto leu minhas ponderações sobre a Baitolagem emQuadrinhos— de um site dedicado a gibis da Marvel.

Faço votos de que o reconhecimento tardio a este que o sr. Soares Silva qualifica como "um dos melhores escritores vivos da língua portuguesa" incremente substancialmente a quantidade de cus de jornalistas que tenho logrado perfurar neste meu magistério. Cus femininos, esclareço, para pôr fim à algazarrinha prematura dos que se deixam emocionar por substantivos comuns-de-dois-gêneros. Caralho.

SOBRE NICOLE BAHLS E OS EFEITOS NEFANDOS DA REGULAÇÃO DO BRIOCO

$
0
0


Somente os grandes autores podem dialogar consigo próprios sem incorrer num ridículo atroz (é favor pronunciar o “atroz” com o dorso da mão na cintura). Carlos Drummond, porque era Carlos Drummond, e porque apreciava furingos femininostanto quanto ou mais que este autor, podia desdizer-se anos depois e confessar que seu coração não é maior que o mundo (muito embora eu, com fins meramente publicitários, teria preferido asseverar, à vez primeira, que a minha trosoba é que era mais vasta que o mundo). Paulo Coelho, porque é Paulo Coelho, e porque cultiva o costume feio de dar o cu sem o atenuante de ser um perobo de gênio do quilate dum Wilde, Gide ou Rimbaud, não poderia publicar impunemente um Veronika decide foder.

Essa digressão vai à guisa de escusas por retomar assunto antigo e, creio, já esgotado desde o meu ensaio Da completude da condição feminina, a saber: que a mulher que, nos dias que correm, se nega a liberar o brioco é necessariamente uma mulher incompleta (comprova-o, observei então, o fato de as profissionais que dão o cu se descreverem como “completas” ou “completinhas”). Ora, a despeito de o assunto estar encerrado desde então (nunca recebi réplicas, por exemplo, da Srª. Rose Marie Muraro), eis que uns meus leitores desocupados exigem aos faniquitos que eu me afaste de meus graves afazeres e me pronuncie sobre as recentes e extravagantes declarações da Srª. Nicole Bahls, que em entrevista ao um site de pederastas assegurou que “[os homens] me traem porque eu não gosto de dar o bumbum [sic] e tem um monte de mulher por aí fazendo isso”.

Pois muito bem: em primeiro lugar, quero deixar registrado que eu me recuso a acreditar que uma vagabunda de escol como a Srª. Bahls se referiria ao ato de levar uma bruta trosoba na peida como “dar o bumbum”. Com esse linguajar mais apropriado às psicólogas que o Sr. Fernando Haddad quis introduzir nas escolas de primeiro grau para explicar aos nossos filhos e netos que tudo pode, tudo é lindo, tudo é Deus (linguajar que, suponho, se complementaria com referências quase poéticas, toquinianas mesmo, a “dar um beijinho de língua na pepequinha”, “botar o pipiu no popozinho do coleguinha”, “usar a xerequinha da prima como uma luvinha” e “brincar de fazer sabãozinho ao botar as pererequinhas para brigar”), com esse linguajar inocente, dis-je, a Srª. Bahls se arrisca a afugentar a clientela que, em sua maioria, será composta de cavalheiros de vida regrada a quem repugna qualquer associação subliminar com a prática criminosa da pedofilia.

Isto como preliminar. O “dar o bumbum” eu ponho na conta da repórter que a entrevistou, que como estagiária de subjornalismo ainda será menina nova e portanto afeita a esses eufemismos para designar os atos que com certeza pratica. Mas, passando à questão de fundo, diria eu que as declarações da Srª. Bahls me alegram por dois motivos distintos. O primeiro é que eu toquei uma punheta inspiradíssima imaginando-me indo rasgar os entrefolhos ainda completamente pregueados que haveriam de se esconder bem no centro daquele lorto descomunal. O segundo, e mais importante para os fins deste veículo, é que a triste experiência que a cândida Nicole compartilha com o público leitor terá efeitos pedagógicos para todas as mulheres deste nosso Brasil, ao explicitar sem meias tintas os efeitos nefandos da prática egoísta de regular o brioco para namorados, maridos e amantes. Como educador, eu não poderia desejar exemplo mais instrutivo.

ANOTAÇÕES SOBRE CIÊNCIA POLÍTICA

$
0
0


Cavalheiros: tenho acompanhado com ativo interesse as manifestações que tomaram o Brasil nos últimos meses. Antes que o leitor me entenda mal e me acuse injustamente de incorrer no pecado mortal da correção política, de sair por aí dando gritinhos de ordem em favor da saúde e educação e contra o reverendo pastor Feliciano, esclareço que acompanho os protestos porque neles tenho encontrado uma fonte inesgotável de xavascas boas ou passáveis, mas xavascas ao fim e ao cabo.

O leitor graduado em sociologia dirá, enquanto franze o sobrolho, cofia os pelos da barba tirante a gris, põe para tocar The White Man's Jazz Collection e torna a sentar-se meio de lado no divã de tafetá, que em qualquer multidão regular haverá, via de regra, uma boa metade de indivíduos portadores de buceta, e que nesse sentido os protestos juvenis não são superiores aos vernissages que ele próprio freqüenta. Dirá e se foderá de verde, amarelo, azul e branco com vinte e sete estrelinhas no olho-do-cu, por não nutrir por essas questões de buceta um interesse mais do que especulativo. Ora, redargüirei, qualquer indivíduo do sexo masculino que não use o cu para funções outras que o cagar sabe que o número de xoxotas numa população dada é de serventia pouca ou nenhuma se essas mesmas xoxotas não forem dáveis. O que faz da universitária semipolitizada que manda o sr. Sérgio Cabral ir tomar na peida um espécime superior à freqüentadora de vernissagesé justamente a facilidade com que passa da discussão política ao chupar paus.

Para isso, é claro, o aventureiro que se disponha a aturar conversa-mole para dar de pastar ao jonjolo precisa aprender a falar a língua da presa. Ora, minha intuição me dizia desde o princípio, e as pesquisas de opinião posteriores mo confirmaram, que a participante típica dessas passeatas é eleitora da Marina Silva. De modo que comecei a ensaiar um discurso capaz de sensibilizar a eleitora verde a ponto de ela querer botar para dentro a trosoba dum cavalheiro que lhe dobre a idade. Comecei pela hagiologia biográfica: — Marina Silva me fascina: é metade preta, metade nordestina, metade evangélica. Tem três metades, é uma grande mulher! O expediente revelou-se contraproducente e não me granjeou mais do que meia dúzia de caras-de-cu e três processos por discriminação. Resolvi ser mais sutil e adotar um discurso vagamente ecológico. A cada bostejo de minhas interlocutoras sobre a política e os políticos, passei a responder que o planeta não agüenta. Não agüenta nosso ritmo de consumo, não agüenta comermos carne bovina, não agüenta pobre dirigir carro ou chinês se alimentar três vezes por dia. Por maiores que fossem as barbaridades que eu sustentasse, o tom de beatitude e resignação com que eu asseverava que o planeta não agüentabastava para me garantir boas e numerosas trepadas.

Creio, no entanto, não exagerar se afirmo que esta — a existência, ao alcance de todos, de um expediente utilíssimo para entabular conversação com uma mocinha com o objetivo único de depois ir-lhes arrebentar os entrefolhos — é a única vantagem concreta da participação das mulheres na política. Ora, o voto feminino está na gênese de tudo quanto é idéia cretina a vicejar no Ocidente, a começar pela Lei Seca. Vede a magistral cena de abertura de The Wild Bunch. Vede as senhoras mal comidas a cantar hinos protestantes com o só propósito de esmigalhar os bagos dos maridos, questionando-lhes o sacrossanto direito de encher os cornos para esquecer que têm em casa uma senhora mal comida a cantar hinos protestantes com o só propósito de esmigalhar-lhes os bagos. Há mais ciência política nessa cena do que em todo o Bobbio, Voegelin ou Sater, Almir.

De modo que, se hoje me aproveito irresponsavelmente da fartura de xavascas que as manifestações de rua me proporcionam, não é sem graves preocupações quanto ao que nos reserva um futuro cada vez mais determinado pelo potencial destrutivo duma mulher detrás duma urna. Aos que se apressam em denunciar o intolerável obscurantismo destas minhas observações, enquanto fitam a geladeira, indecisos entre a berinjela preta e a mandioca cinza, peço apenas que contemplem o exemplo atualíssimo da Grã-Bretanha. Lá, um pederasta de nome David Cameron pretende impor a todo cidadão de bem, regularmente batizado, crismado e em dia com suas obrigações cívicas, militares, tributárias e conjugais, o dever de, juntamente com o acesso à Internet, contratar também o filtro que o impedirá de ver xavascas hirsutas ou imberbes, furingos indevassados ou na glória fulgurante do gaping, vagabundas em conjunção com macho ou fêmea, homem ou cão, animal ou máquina, humano ou japonês. Tudo isso, segundo nos explica com a habitual sobriedade a Foreign Policy, para reverter a sangria de votos conservadores entre as portadoras de buceta (a Foreign Policy não usa a expressão "buceta"), que em 2010 preferiam os tories a uma taxa de 36%, contra 31% para os trabalhistas, mas hoje se inclinam pelos segundos a uma taxa de 51% contra 25%.

Em suma, 120 anos depois de a Nova Zelândia dar o mau passo inaugural, hoje o sufrágio feminino nos leva à situação limite em que, para ganhar uma eleição, neguinho quer proibir as nossas punhetas. Motivos de sobra para o homem de bem descrer do futuro.


EFEMÉRIDES QUE REALMENTE IMPORTAM

$
0
0


Amanhã é fevereiro, e os pederastas que, depois do passamento do Dr. Roberto, passaram a gerir a Rede Globo (essa corja vil que, quando não está manjando a rola dos nativos de Asa Branca, Curicica, ali pertinho do Projac, está legislando sobre a proscrição da expressão castiça "perigo de vida" ou sobre a proibição do uso do artigo definido feminino antes do nome da Juventus, Internazionale ou Roma) começarão a martelar os nossos bagos com material relacionado ao carnaval. Pederastas que são, têm naturalmente uma visão distorcida da serventia da festa e, em vez de bombardear-nos com closes de bordas marrons de lortos a ultrapassar a tanga diminuta atolada nos entrefolhos dalguma vagabunda global ou não, pretendem submeter-nos a insistentes sessões de memorização de letras de sambas-enredo perfeitamente descartáveis. O leitor que porventura tiver os colhões de adamantium poderá, ainda, expor-se a mesas-redondas inteligentíssimas em que se debaterá sobre o caráter transgressor do desfile do Joãosinho Trinta em 1989 ou sobre o uso da metalinguagem em Bumbum Paticundum Prugurundum (o samba que fala de samba, vejam que prodígio). Tudo isso, claro, em detrimento da exibição muito mais proveitosa das Olimpíadas de Inverno, que renderiam muito melhores punhetas com a exibição de polaquinhas chupabilíssimas de quatro a esfregar o chão (num desporto decerto idealizado por algum degenerado leitor de Casa Grande e Senzala).

Não me restam dúvidas, portanto, de que, com esse mindsethomossexual a condicionar a gestão dos negócios do carnaval, o dia 6 de fevereiro próximo passará em branco na grade da Vênus Platinada — como se não se tratasse, para a cultura pátria, de data tão importante quanto a da publicação de Grande Sertão: Veredas (que, se eu entendi bem, é um livro sobre um paraíba que quer comer o cu de outro paraíba, e arrebenta-lhe os entrefolhos mesmo quando descobre que o segundo paraíba é na verdade portador de um bucetão perfeitamente aproveitável). Ora, caralhos ma fodam, foi nessa mesma data, no ano da Graça de 1989, que uma senhorita de nome Enoli Lara pela primeira vez exibiu uma xavasca humana (as bovinas já o fizera o Globo Rural em mais de uma ocasião) em rede nacional de televisão, enquanto saltitava aos versos de Festa Profana, da União da Ilha do Governador. Constrangida, depois, a explicar-se a um auto-da-fé de repórteres homossexuais, a brava Enoli negou que tivesse desfilado nua: — Estou de botas, como bem se vê.

Só a exibição da buceta até à pleura, somada ao panacheda resposta, já deveriam bastar para inscrever o nome de Enoli Lara em fulgurantes letras roxas (roxo-cu) na História da cultura brasileira. Isso se a então moçoila já não fosse semicelebridade de alguma rodagem. No ano anterior, 1988, sempre pela União da Ilha, desfilara com todo o time do Flamengo sem nem botas— apenas com a xavasca escamoteada por elegantes chamas em vermelho e preto, que da prexeca se irradiavam até os ombros, como que a indicar que, também na sua xavasca, quem manda nesta porra é a torcida do Urubu (todos os 40 milhões). Alguns anos antes, tornara-se referência obrigatória na jurisprudência pátria, depois de ganhar em juízo uns trocados do BANERJ, que exibira apenas o lorto da jovem modelo — sem cara, sem nome, sem HP — em propaganda televisiva. Até os dias que correm, não há professor de Direito Civil que não cite algo contrariado o nome de Enoli Lara, enquanto caminha com visível dificuldade rumo ao quadro-negro, ao explicar o conceito de direito à imagem a seus pupilos.

Foi a performance ginecológica de 1989, no entanto, que mudou para sempre, e para pior, os rumos do carnaval e da televisão brasileira. À visão da pentelhama hirsuta e das bordas da racha que nela mal se escondiam, entraram em pânico diretores de programação, acionistas, jurados e carnavalescos. Baixou-se a regra de que buceta, não. No ano seguinte, a modo de protesto, o indefectível Joãosinho Trinta resolveu ilustrar o enredo Todo o mundo nasceu nu com a imagem constrangedora de Jorge Lafond com o corpo todo, poronga inclusive, coberto de purpurina. Novamente se reúnem executivos globais e, algo menos convictos que da vez primeira, alguns ainda salivando, decretam que está terminantemente proibido desfilar com "a genitália desnuda, pintada ou decorada".

Os historiadores e críticos de arte não percebem — talvez pela mais absoluta falta de curiosidade intelectual por essas coisas de buceta —, mas acabaram ali os anos 80 no Brasil. O mundo ainda esperaria alguns meses, até a queda do Muro de Berlim e a conseqüente abertura da Hungria e da República Tcheca ao trabalho pioneiro dum Woodman ou dum Stagliano, que inauguraram a estética dos anos 90. O Brasil, no entanto, caminhou na direção contrária, e o ambiente libertário da Nova República foi aos poucos cedendo a vez ao obscurantismo e à perobagem. Ao se proibirem bucetas nas transmissões carnavalescas, estavam lançadas as sementes que, um dia, frutificariam no CONAR, com seus auditores pederastas a desfazer-se em singulares ataques de pelanca a qualquer sugestão de que pussy sells.

É, portanto, tomado de profunda nostalgia que eu encareço o leitor amigo a desocupar também a mão direita para juntar-se a mim numa salva de palmas à srª. Enoli Lara e à época que ela encarnou melhor do que ninguém. Uma época em que banco comercial tinha a desfaçatez de vender caderneta de poupança e fundos overnightcom imagens de lortos femininos — e todo o mundo achava normal. Uma época em que propaganda de iogurte tinha a castimônia de mostrar mulher babando Danoninho em cima das próprias mamas, numa sugestão evidente de que, para além das funções alimentares, os peitos estão ali para a prática da espanhola e do pearl necklace, e o CONAR que se foda. Uma época em que jogador de futebol — nosso role model quintessencial — apreciava vagabunda em lugar de travesti, e os clubes sancionavam e sacramentavam a prática botando prostitutas de renome para desfilar seminuas, até a prexeca pintada de vermelho e preto, antes de cada final.

Criança, não verás nunca mais país nenhum como este! Se fodeu!



O BONEQUINHO VIU HOUSE OF CARDS... E TOCOU TREZE PUNHETAS

$
0
0
O leitor que me acompanha há uma década sabe que eu sou um cavalheiro de gostos refinados, capaz de embevecer-me até às lágrimas tanto com a audição da Vigília Noturna de Sergei Rachmaninoff como com a redescoberta, no XHamster, da cena clássica em que o cu escuro e sujo da srta. Jenny Cole é perfurado com precisão cirúrgica em Debbie does Dallas (1978). Muito pelo ecletismo de meus interesses artísticos — que, como se vê, abarcam da pornografia à música erudita —, mas outro tanto, estou certo disso, por um desejo recôndito de que eu lhes arrebente selvagemente os entrefolhos, muito jornalista costuma assediar-me esperando pronunciamentos meus sobre o que quer que esteja trending now (eles falam assim, revirando os olhinhos), da telenovela ao analingus.

O leitor atento também terá reparado que eu raramente condescendo em deixar publicarem os meus juízos estéticos nos pasquins que, aqui no Brasil, fazem as vezes de imprensa. Credite-se muito do meu silêncio à natural modéstia com que me pauto sempre que o assunto em tela não são as dimensões da minha trosoba. No entanto, os chefes de redação me ajudariam muito a ajudá-los se, em lugar do Fernando Rodrigues, mandassem entrevistar-me a Fernanda Rodrigues, que, desde os tempos de Malhação, tem muito melhor sintaxe, vocabulário, concatenação de idéias, peitos, peida e xavasca do que o seu quase-homônimo.

Isso não obstante, hoje me vejo forçado a abandonar as sublimes leituras a que me vinha dedicando para compartilhar convosco, para ensinança do público e escarmento da crítica, uma epifania estética que me acometeu no último fim de semana. Andava eu em estado do mais completo emputecimento, ocasionado pelos singulares ataques de pelanca em que se desfaziam uns filhos viados de um vizinho enrustido, que comemoravam gol de time estrangeiro na final da Copa dos Campeões Europeus (o que, o leitor há de convir comigo, é comportamento de quem espera ter os intestinos ambos preenchidos por uma bruta trosoba preta para daqui a, no máximo, quinze minutos). Inspirado talvez em Borges — que optou por escancarar sua superioridade intelectual proferindo palestra sobre a imortalidade na hora precisa em que a Argentina disputava sua partida inaugural na Copa do Mundo de 1978 —, deliberei eu tornar patente o meu interesse por cousas mais excelsas assistindo a um filme de sacanagem na televisão. Como (a queixa é recorrente) minha senhora cortou a minha assinatura do Sexy Hotjá há quase dez anos, tive de contentar-me com o sucedâneo mais à mão (a esquerda, que a direita se entretinha em labores outros), e assim terminei assistindo, de cabo a rabo, à série americana House of Cards.

Autores piores que eu já se terão pronunciado sobre o enredo e sua verossimilhança, sobre a perspicácia e exatidão com que a série retrata a profunda malaise (disseram assim, com o dorso da mão na cintura) da civitas americana diante de um sistema político cada vez mais corrompido pelo poder nefasto do dinheiro, mormente de Citizens United v. Federal Elections Committee para cá, e pela conseqüente incapacidade do referido sistema de extrair dos eleitos os anjos melhores de sua natureza (como são piores que eu, seguramente não citaram nem a jurisprudência, nem o fecho do primeiro discurso de posse de Abraão Lincoln).

Pois muito bem: com a experiência que acumulei nesta minha passagem por este vale de lágrimas e sumos vaginais, descreio da eficácia dessa conversa-mole para aquilo que interessa, que é garantir ao opinador pernóstico o acesso franco às xavascas da audiência. De modo que o leitor formado em Ciência Política me escusará se, ao analisar a obra, me limito a esmiuçar os seus méritos estritamente onanísticos. E, neste particular, ouso dizer que a obra em questão é o que de melhor se produziu, fora da indústria especializada, desde pelo menos O Nome da Rosa (mormente a cena em que aparece o cu da Valentina Vargas).

O leitor que franze o sobrolho e cofia os pêlos do cavanhaque enquanto enche o cachimbo de tabaco com sabor de baunilha fará bem se, em lugar de questionar o meu juízo ilustrado, prestar a atenção devida a cinco vagabundas fodibilíssimas que tornam a série um deleite para os olhos e uma maratona para o jonjolo do expectador heterossexual.

(1) Comecemos por minha favorita: a srta. Kate Mara — até aqui uma celebridade relativa que interpretara a filha gostosa de um dos perobos em Brokeback Mountain, além de uma cheerleader fancha em Nip/Tuck— desempenha com louvor o papel de Zoe Barnes, uma jornalista vagabunda que usa a xavasca para conquistar fontes, notícias e a ascensão funcional. O onanista leitor se deleitará, como eu me deleitei, com a naturalidade com que a mocinha afeta inocência (usando rabo-de-cavalo, roendo as unhas, vestindo-se de adolescente em suéter e jeans no ambiente de trabalho) para com isso garantir o acesso à trosoba senil de patrões, âncoras e deputados. A série infelizmente não o documenta de maneira exaustiva, mas fica claro ao observador atento que a mocinha dá cu, se não com gosto, ao menos com naturalidade e profissionalismo. Atenção à cena em que ela arreganha o furingo para o deputado tirar fotos. (Nota aos editores da Folha: se quiserdes que eu abrilhante o vosso pasquim com meus palpites ocasionais, é favor tentar convencer a srta. Patricia Campos Melo a usar os mesmos expedientes com a minha excelsa pessoa.)

(2) A segunda menção não faz exatamente o meu gênero, diga-se de cara — prefiro prexecas mais jovenzinhas, menos maltratadas pelo uso —, mas tem sido tão festejada nos círculos onanistas que não poderia deixar de ser mencionada. A srª. Robin Wright interpretou Claire Underwood, a consorte do protagonista deputado (e portanto filho da puta). Não vislumbro ali peitos ou peida capazes de justificar mais do que oito punhetas, mas os aficionados assinalam que a megera tem um je ne sais quoi que é garantia de que ali se fode bem (ou, por outra, que é garantia de que ela fode bem, ao menos no que respeita ao aspecto puramente mecânico da foda). Há de ser verdade, embora a insistência da augusta senhora em dar sovas de buceta num seu amante fotógrafo (e portanto homossexual) esteja aí a indicar que tamanha energia represada tem sido dissipada irresponsavelmente em trepadas perfeitamente insatisfatórias. Em defesa da personagem, admito que as muitas insinuações (algumas bastante óbvias) de que o relacionamento da srª. Underwood com o tribuno do povo consiste basicamente em ela seviciá-lo horrivelmente com uma cintaralha preta e com veias (isso ficou evidente, creio, na cena do ménage com o guarda-costas) ao menos demonstram ser ela dotada de um mínimo de espírito cívico. É mais do que se pode dizer de toda a classe política brasileira.

(3) Christina Gallagher (interpretada por Kirsten Connolly) é assessora parlamentar de um deputado alcoólatra, toxicômano, putanheiro e careca. Suas funções consistem, portanto, em limpar-lhe o vômito pendente do queixo, administrar-lhe supositórios de cocaína, tirá-lo da cadeia quando é pego cheirando ou freqüentando primas e, ocasionalmente, incutir-lhe um mínimo de amor-próprio aos gritos de "seja macho, porra". Frustrada com a incompetência política e a inapetência viril do patrão, acaba indo buscar pastagens mais verdes junto à primeira trosoba do mundo livre. Fode pouco, e é pena. Pela carinha de devassidão contida, bem poderia proporcionar-nos ao menos um par de espanholas finalizadas com o pearl necklace regulamentar.

(4 e 5) A puta e a evangélica ou, por outra, Rachel Posner (Rachel Brosnahan) e Lisa Williams (Kate Lyn Sheil). Recomendo ao amigo leitor passar ao largo dos episódios em que a primeira de nossas heroínas exerce a prostituição por quaisquer três vinténs nas ruas e hotéis do Distrito de Colúmbia e atende pelo alias de Sapphire. A coisa começa a melhorar quando, desintoxicada e de cara lavada, a putinha vai-se exilar na Virgínia profunda e lá conhece a evangélica fudeca, de violão em punho para cantar que yes, we gather by the river, the beautiful, the beautiful river. Com a prexeca em chamas pela prática da abstinência, a mocinha entrega-se gostosamente ao amor fancho, que aparentemente não é pecado (aliás, atenção, sapatas do nosso Brasil: o que as senhoritas fazem, com o ar de quem pratica enormes transgressões, é absolutamente irrelevante do ponto de vista religioso, tanto assim que não há uma única referência ao tribadismo ou ao chupar bucetas nas proibições em numerus clausus do Levítico e Deuteronômio — ao contrário da pederastia, que é abominação). O ponto alto da série é a cena em que a putinha enfia quatro dedos da mão, até a terceira falange, na xavasca da crente, e a fode com tamanha maestria e vigor que o espectador ilustrado não pode deixar de fazer a associação livre com as Fucking Machines do site homônimo.

Segundo nos garante a crônica policial, a série causou furor em Brasília, onde os homens públicos se sentem perfeitamente redimidos com a demonstração tão gráfica de que são todos carmelitas descalças diante do que se pratica em democracias mais evoluídas do que a nossa. Dizem até que a série é a favorita da presidente Dilma Rousseff. Tendo em vista, no entanto, a sofisticação intelectual de nossa primeira mandatária — comparável à daquele seu antecessor-general que entrou para a Academia Brasileira de Letras porque um dia sentou pelado num monte de farinha e fez um O com o cu —, tenho cá a suspeita de que ela aprecia a série pelos mesmos motivos que eu.



DA VIDA SEXUAL NO CANGAÇO

$
0
0


Mocetões: esta manhã, enquanto eu perscrutava, com olhar de proctologista, as fotos do cu da arqueira ianque Hope Solo(parênteses: ¡viva o desporto feminino!, ou algum dos senhores acharia graça em fotos do lorto do goleiro Cássio, do Curíntia, que reputo, talvez, quase tão feio quanto seus cornos?) — enquanto eu perscrutava as tais fotos, dis-je, deparei-me com uma dessas notícias que, quase tanto quanto comentário de leitor em site de jornal, dão a medida justa de nossa miséria. Segundo me informa o site da Veja, está no prelo, obra dum juiz aposentado, uma biografia do delinqüente Lampião onde se sustenta que o famoso Rei do Cangaço apreciava mesmo era uma trosoba hirta e cheia de espinhos (à maneira das cactáceas de sua caatinga natal) a magoar-lhe furiosamente os entrefolhos, mais do que já estaria magoado pelos restalhos duma dieta a base de bodes e carcarás.

Mais: a notícia dá conta de que uma popular resolveu entrar em juízo para impedir a publicação da obra, movida talvez por essa tendência que viceja entre nós de tratar bandido como prócer, e de achar que obra nenhuma pode tirar os próceres de seus pedestais.

Ora, muito bem. Duas cousas me estarrecem nessa patacoada: (1) que alguém, não sendo descendente direto do bandido, ou mesmo sendo-o, foda-se, tenha legitimidade ativa para propor uma ação dessas (e reparem que nem chego a discutir o mérito da causa); e (2) que qualquer um (e creio-me insuspeito de fazer apologia de bandido) possa questionar a heterossexualidade dum sujeito que tinha pica e estômago para comer a Maria Bonita. Ora, caralhos ma fodam, comer a Marina Ruy Barbosaou a Emma Watsonqualquer um come — até viado, sem demasiadas demonstrações de nojo. O verdadeiro teste de masculinidade, a verdadeira audição para o papel de Groo, o Errante, está no encarar uma fêmea do quilate justamente da Maria Bonita ou da Miriam Leitão.

Aliás, há uma terceira cousa a embasbacar-me nesse episódio: que haja, no Brasil, público para ler (nem falemos de autores para escrever) uma obra de 300 páginas sobre a vida sexual dum bandido feio pra caralho com uma fêmea idem e outras duas dezenas de machos com os mesmos predicados. Seria de perder o sono imaginar que o Dr. Pedro de Morais, autor da obra, even as we speak, pode estar tratando do licenciamento da versão cinematográfica (em breve num cinema perto de você).

Ah, sim, antes que eu me esqueça: cada povo tem a Bonnie and Clyde que merece.

PUNHETA PÓSTUMA PARA ANITA (OU: "FODENDO EM BRANCO E PRETO")

$
0
0


Eu queria comer uma mulher em branco e preto. 


A estudante de Belas Artes, o crítico de cinema, o leitor do caderno de cultura d’O Globo e da Ilustrada da Folha, os senhores Rubens Ewald Filho, Vladimir Safatle e Milton Hatoum bem fariam em deixar pender para um lado (o esquerdo) a trosoba alheia, triste e mole, que tentam ressuscitar à força de brutos chupões e prestar a atenção devida a esta minha confissão, que eu não vou explicar de novo (, caralho): É a mulher, não a foda, que é em branco e preto.


Digo isso enquanto sopeso a verdade última encerrada no juízo definitivo do acadêmicoJaguar sobre esta nossa passagem por este vale de lágrimas e sumos vaginais (“assim é a vida: uma bosta”). Verdade sentenciada, no caso dele, em protesto pelo fechamento da Uisqueria Bico Doce, no Beco das Cancelas, entre a Rua do Rosário e a Rua Buenos Aires, ao lado dum estabelecimento prostibular que anunciava “promoção: caldo verde + strip tease: R$ 10” (isso o Jaguar não referiu). E relembrada, no meu caso, pelo triste passamento da mais longeva musa de punhetas de que se tem notícia: a sueca Anita Ekberg. Isso, recorde-se, numa semana já bastante pródiga em notícia merda (Je suis Charlie. Será que ele é Maomé?).


Saramago certa feita disse que a velhice é sentir como uma perda irreparável o acabar de cada dia. Eu cá suspeito que o portuga, em seus anos derradeiros, escreveu demais e tocou punhetas de menos. A velhice, meus amigos, é a punheta retrospectiva. Começa quando o sujeito passa a esganar a rôla pensando não nas vadias de hoje, nas vadias vigentes, mas nas vagabundas de outrora, nas que comeu ou quis comer na sua juventude, em toda a exuberância de peitos, peida e pentelhos perfeitamente anacrônicos (sobretudo os últimos, que já quase não se usam). E, ao rememorar as fodas havidas ou frustradas, o pobre-diabo sente por uns minutos (não mais que cinco) a onipotência de quem se vinga da vingança do tempo (que le hace ver deshecho lo que uno amó— Discépolo) e desafia até o Código Penal (na punheta retrospectiva, fodem-se até menores púberes, eis que o fodedor, na sua fantasia, também ele tem treze, quatorze anos [a velhice é a punheta com enredo]).


O leitor de vinte-e-poucos (anos, não centímetros) que laboriosamente vai pinçando um por um os cutelhos para não destoar dos companheiros de rave não perceberá a profundidade destas minhas reflexões, nem a justiça de certas homenagens, ainda que póstumas, à Anita Ekberg, entretido que anda com homenagens outras ao Matheus Solano, ao Caio Castro, ao centroavante Fred ou ao zagueiro Thiago Silva. Não perceberá, talvez, por ter-se acostumado a um ideal de mulheres perfeitamente anti-sépticas, sem as tetas ubérrimas, absolutamente pornográficas da Anita, sem a opulência de pentelhos crespos que decerto povoavam as cercanias e lonjuras duma xavasca majestosa, que eu imaginava pontilhada de romanas gotículas da mesma fonte onde a srta. Ekberg — estou certo disso — gargarejou depois de saciar o nosso herói Mastroianni, para tirar o gosto ruim (ou assim me assegura a Danusia Barbara).


No princípio foi a Anita. Depois vieram Sophia Loren, Claudia Cardinale, Ornella Mutti, a retardada fudeca do Amarcord, Valeria Ciangottini (perdoa-me, padre) e as outras, não italianas (mas não por isso menos putas), Brigitte Bardot, Catherine Deneuve, Sophie Marceau, e as suecas — de todas as mais putas, nem trezentos anos de catolicismo à vera —, Bibi Andersson, Britt Ekland, Ingrid Bergman. E Anita Ekberg.


O amigo leitor não me entenda mal: não serei eu, justo eu, a revirar os olhinhos, alisar a borda do roupão púrpura com o polegar e o indicador e sentenciar, dorso da mão na cintura, que mulheres eram as de antes. A Marina Ruy Barbosaquerendo, estou a postos para dar-lhe beijinhos no umbigo (por dentro). Mas o público heterossexual deste nosso Brasil (todos os cem) há de convir comigo que havia um quê de tocante em tetas, peidas e xavascas como as do cinema europeu dos anos sessenta — algo que falava a algum instinto primevo nosso e nos fazia querer sair por aí a perfurar rachas e arrebentar entrefolhos desregradamente. Sem medo de passar a semana seguinte a regurgitar pentelhos.


E, se concorda comigo, talvez já ache um pouco menos insólita a tara que me aflige desde que vi a Judy Garland adolescente, peitinhos em riste e vestidinho de chita, a cantar sobre um lugar onde the dreams that you dare to dream really do come true. Como o de comer uma mulher em branco e preto.



DA VIDA SEXUAL DAS SUBCELEBRIDADES. CAPÍTULO DOIS: SIMONY GALASSO.

$
0
0
O leitor amigo anuirá gravemente, enquanto torna a mergulhar o sushi de quinoa no molho de miso e gergelim, se eu asseverar que a Internet é uma fonte de horrendas distrações, que no mais das vezes tornam impossível nos dedicarmos a sério a qualquer cousa de mais elevado. Concordará, decerto, pensando n’algum vídeo retrô dos Menudos pré-adolescentes a velejar em camisetas sem manga e de shortinho, as pernocas glabras à mostra, e enjeitando enfastiado a nova tradução de Morte em Veneza que comprou na Argumento do Leblon (indicação de Manoel Carlos). Eu mesmo já relatei, alhures, minha suprema indecisão quando confrontado, no mesmo dia, com uma gravação completa e gratuita da Vigília Noturna de Rachmaninoff e com a reprodução igualmente completa e igualmente gratuita do clássico Debbie does Dallas (mormente, permiti-me precisar na ocasião, a cena em que um desses heróis anônimos daquela indústria vital perfura o cu escuro e sujo da srta. Jenny Cole).

Entre les deux mon cœur balance, sentenciará o leitor, com uma piscadela cúmplice e uma pausa quase imperceptível entre o mon e o cœur, como que a buscar o meu endosso à equivalência que afinal se estabeleceu — malgré moi, acrescentará, sempre na língua de Gide — entre Mann e Ricky Martin, de um lado, e Rachmaninoff e Bambi Woods, de outro.

Toda esta conversa-mole vem à guisa de introdução para o que se segue: ontem, quando eu me preparava para retomar a minha própria tradução, do latim, das Confissões de Santo Agostinho, fui interrompido da maneira mais descortês por uns leitores que, mais que implorar, exigiam um pronunciamento meu sobre matéria publicada no Ego, um site dedicado a escancarar vidas e xavascas de subcelebridades.

A matéria em questão trata, como o amigo leitor nunca viu e preferia aliás não saber, das intimidades conjugais da ex-cantora e ex-gorda Simony Galasso com o engenheiro (o site qualifica-o assim) Patrick Silva. Simony, se puxarmos bem pela memória, era a única fêmea no foursome infantil Balão Mágico, que em vão assegurava, lá se vão três décadas, que somos amigos, amigos, amigos— o telespectador atento já percebia que ali, malgrado a tenra idade dos participantes, tinha de haver sacanagem: as bolsas de apostas limitavam-se a especular sobre se quem comia o cu à saltitante Simony era o filho do bandido, o filho do Jair Rodrigues, o bestial Fofão (hipótese que eu à época favorecia) ou o perfeitamente inútil Toby ( Vímerson). Como esse material humano justificasse poucas punhetas, mesmo entre os coetâneos de Simony, a Globo acabou substituindo o programa pelo muito mais proveitoso Xou da Xuxa, duplicando a audiência nesse processo (os senhores pais, afinal de contas, tomaram-se de interesse súbito pelos hábitos televisivos dos filhos, e foram recompensados com farto material para punhetas não apenas na srta. Meneghel, mas também em suas Paquitas — sobretudo a Andréa Sorvetão e a Pituxa Pastel [a Miúxa não] — e, se fôlego restasse, também na Cheetara, na She-Ra e na Smurfette).

Simony, entrementes, caiu no mais sólido anonimato, de onde debalde buscou sair, a partir de fins dos noventa, fazendo-se periodicamente emprenhar por presidiários. Passaram-se outros quinze anos, e eis que a já balzaquiana subcelebridade reaparece, diante de nossas barbas perplexas, confessando-se ex-gorda e casada com um colega engenheiro, e no pleno exercício do pátrio poder sobre uma caralhada de crianças ranhentas com ípsilon no nome. Mais: sem demasiados circunlóquios, diz que, desde que perdeu 25 quilos, passou a foder “em todas as posições” com o engenheiro (palavras textuais suas); que seu macho passou a dar-lhe surras de piroca históricas (paráfrase minha); que os dois apreciam tanto quanto eu ver filmes de sacanagem (não elaborou a respeito, de modo que ficamos sem saber se o casal favorece obras com gang bang, A2M e espôrros faciais ); e, por fim, que “nunca gostou” de sexo grupal (decerto buscando, com isso, dissipar de uma vez os rumores irresponsáveis sobre a real natureza de seu relacionamento com Jairzinho, Mike, Toby e Fofão — ao que eu, espírito de porco que sou, me permito chamar a vossa atenção para a formulação um tanto equívoca: “nunca gostei”).

Tudo isso, vindo de quem vem, me pareceria perfeitamente natural e até escusável, não fossem três pequeníssimos detalhes que a peralta Simony deixa transcender quase que sem querer: a folhas tantas de sua confissão (digo folhas e não sei se o pasquim de fato existe em forma impressa, para limpar as manchas de esperma do azulejo do banheiro onde se lê essa merda) — a folhas tantas, dizia, Simony deixa claro que o engenheiro é fissurado em cu (“ele ama meu bumbum”); que, enquanto a sodomiza brutalmente, as bolas a fazer tlec-tlec-tlec nas nádegas, admira-lhe a musculatura rija (“ele adora brincar com meus novos músculos”); e, por fim, que o que nela não aprecia de jeito nenhum são as tetas a balangar ao sabor da foda (“ele acha que está excessivo”).

Como se nada disso bastasse, há ainda um quarto elemento a merecer a nossa censura mais enfática e inapelável: enquanto a fode, o engenheiro Silva canta obras de um desses sambistas que desde sempre (ou desde Jair Rodrigues Jr.) fizeram a cabeça e umedeceram a xavasca à inefável Simony. Quer-me parecer que, não sendo ele próprio sambista, o procedimento revela uma propensão perigosa à cornitude. Mas passemos ao largo desse detalhe pitoresco e concentremo-nos no quadro que as confissões de Simony nos permitem compor: o sujeito gosta de cu (o que é louvável), mas se e somente se o parceiro tiver pernas, braços e abdômen torneados, e de preferência peitos nenhuns (o que não é).

Os senhores tirarão disso tudo as conclusões que quiserem. Eu, de minha parte, estou encaminhando esse material ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, para as providências cabíveis.

NABOKOV NUMA HORA DESSAS

$
0
0


Certa feita, um crítico pederasta (passe a redundância) resolveu acusar Vladimir Vladimirovich Nabokov de pornógrafo. Corriam os anos cinqüenta, e Lolitaacabava de sair do prelo. A crônica da época, como se sabe, era tão pederasta quanto a crítica (sobretudo n’América, essa gorda ressentida). Talvez por isso, não registra se o genial peterburguês mandou, como é verossímil, o crítico ir tomar na peida. Registra, isso sim, que o nosso inefável caçador de borboletas, já decerto gordo e careca e com as mãos cobertas de calos, destruiu o libelo do crítico com uma argumentação de quem conhece tudo de literatura e ainda mais de sacanagem. Pornografia, explicou Nabokov, exige necessariamente um crescendo. Começa com beijinhos ao pescoço para terminar, via de regra, com oito crioulos e uma zebra a alternar-se no mister de esporrar furiosamente nos cornos da heroína da história. (PITZER, Andrea. The secret history of Vladimir Nabokov. Nova York: Pegasus Books, 2014.)



Ora, caralhos lha fodam, com um mínimo de honestidade intelectual, nenhum padrão semelhante pode discernir-se em Lolita. No livro, a sacanagem que há está justamente no começo! De Annabel Leigh segurando a rôla do protagonista (I was a child and she was a child, / in this kingdom by the sea, justificaria um outro pedófilo— e atenção, literatas fudecas, à intertextualidade) a Dolores Haze esfregando-se na mesma rôla, já envelhecida e gasta pelo uso, mal transcorreram cinqüenta páginas. Daí à meteção à vera haverá outras trinta. Depois disso, e entrementes, o que há é superior literatura (, caralho). Onde a gradação, onde o crescendo, onde os oito crioulos e a zebra (, buceta)?



Quatorze anos depois, a mesma escusa haveria de absolver Ada or Ardor: o ponto culminante da história, no que respeita à sacanagem, está no meio exato do livro, quando o protagonista vai à zona e lá arrebenta os entrefolhos a um moçoilo adolescente, e ao retirar o jonjolo encontra-o tristemente decorado numa mistura perfeitamente broxante de sangue, mostarda e merda (“sintomas disentéricos muito pouco apetitosos a revestir a pra-te-leva do amante”, em tradução livre nossa). Ora, muito bem, se no meio do livro já chegamos à escatologia, é absolutamente impossível que, nas trezentas páginas restantes, se observe a necessária gradação característica da pornografia. Nem se chamarmos a zebra (“ou a vaca, ou a bicicleta”, acrescentaria o próprio autor). Portanto pornografia não é.



A tudo isso, assim humilhado e assim ofendido, que mais poderia dizer o crítico analfabeto em literatura e em pornografia? Talvez apenas responder, qual Caetano Veloso diante das obras completas da Leandro de Itaquera, que ali abunda e viceja o mau gosto, mau gosto, mau gosto, mau gosto. Orville Prescott, do alto de sua tribuna no New York Times, admitiu ser o autor um cavalheiro de “habilidades esplêndidas”, mas “completamente corrompido”: “ele a um só tempo brilha e fede, como uma cavala podre ao luar” (a crítica especializada tem hor-ror a tudo o que exale odores marinhos). Outros ainda reviraram os olhinhos de nojo diante das metáforas gros-sei-ras que Nabokov utilizara para uma caralha hirta (“o cetro de minha paixão”) e uns juvenis entrefolhos em flor (“uma rosa castanha”).



Longe de mim comparar-me a Nabokov, que fique bem entendido. Faltar-me-iam, para isso, esse mínimo de engenho e arte imprescindíveis para que o simples cotejo entre um e outro não fosse recebido com um álacre alarido de apupos e guinchos da crítica e do público alfabetizado brasileiros (todos os cem). Nem sou homem de circunlóquios. Uma xavasca é uma xavasca é uma xavasca. Mas ouso crer que as reflexões do mestre sobre a natureza da pornografia são o quanto basta para mandar ao caralho todo leitor agredido e ofendido que me acuse, também a mim, de pornógrafo. Aqui não há crescendo, aqui não há gradação. Por questões de estilo e de convicção, a minha filosofia sempre foi oposta à do português que reluta em contar, a uma roda de senhoras, uma piada que começa levinha, mas que depois vai ficar pesada (“era uma vez um chupador de bucetas que...”).



Sei bem que nada disso terá a menor importância, nos tempos que correm. Não tivesse ele também o seu quinhão de culpa pelo estado atual do nosso Brasil, Luís Fernando Veríssimo haveria de concordar comigo e parafrasear-se a si próprio (“literatura numa hora dessas?”). Mas, enquanto todos nós esperamos que quem de direito se digne finalmente mandar a excelentíssima senhora Presidente da República ir tomar na peida, a literatura e a sacanagem permanecem distrações tão válidas quanto o arremedo de esporte bretão que ainda se pratica no Brasil. Enquanto espero, estou relendo meu Nabokov. E faço fé em que o desenrolar do processo político não me dará tempo de, encerrado o Nabokov, ter de ir procurar sacanagem noutras obras do meu próprio cânone pessoal de autores que apreciam buceta (seguintes na lista: a passagem em que um dos Aurelianos Buendía faz de tudo para comer a própria tia Remédios [ou era Milagres?], e as muitas referências desconcertantes de Machado de Assis a braços desnudos de mulheres casadas, todas elas escritas apenas com a mão esquerda, que a direita se entretinha em labores outros).

OF FINER THINGS

$
0
0


Já fui de fazer citações algo mais eruditas. Mas o amigo leitor, desta feita, terá de escamotear — se é de escamotear — a superior reação de nojo e aceitar que eu principie citando The Office. Pior: a versão americana, que nem para referir obscuras preqüelas britânicas este autor serve mais. Admitamos desde já que tenho gostos ecléticos, e foda-se. E que, entre o meu Mahler e o meu Lagavulin 16, há também espaço para o Framengo e The Office. E foda-se (passe a reiteração).

Fato é que, nas horas vagas (que têm sido muitas, e proveitosas), costumo rever de enfiada os episódios da série que celebrizou Steve Carell (que, no meu douto juízo, merecera o Oscar pela cena de Virgem aos 40 em que brada “fuck me! in the ass!”, ao ser depilado brutalmente por uma dessas asiáticas que, n’América, fazem barba, cabelo e bigode). Muito por gosto, confesso, outro tanto para esganar a rôla pensando na Jenna Fischer (o que não admite confissão, por óbvio). Pois, lá pelas tantas, a referida Jenna Fischer junta-se a dois perobos para juntos celebrarem the finer things, nomeadamente a arte e a literatura.

A só menção às tais finer things desencadeia em mim todo um processo proustiano. Noutros autores menos respeitosos da serventia de seus orifícios corpóreos, processos proustianos costumam despertar um desejo furioso de dar o cu, por recordarem verões idos com primos de segundo grau numa época em que primas nenhumas, nem de primeiro nem de segundo, condescendiam em chupar os nossos paus. Nimim não. Processos proustianos remetem-me quer à Marcia Peltier (de quem já falei abundantemente), quer ao Apicius. O foder e o comer, e com isso esgotamos a nossa vã fisiologia.

O leitor que, porventura, tenha dificuldades em identificar de quem falo faria melhor, talvez, em ir tomar na peida ou alfabetizar-se, conforme a sua inclinação no momento. Apicius foi, durante décadas, o único crítico gastronômico que prestasse neste nosso país caipira. Escrevia na Revista de Domingo do fenecido Jornal do Brasil, numa época em que também o Brasil ostentava lá as suas finer things. Não triunfara, ainda, o estilo débil-mental da Folha do sujeito-verbo-objeto, e um espírito letrado como o do Apicius podia perder-se em longas digressões, períodos compostos de por medio, para afinal chegar aos seus javalis com molho de cerveja preta (isso numa época em que faltava até boi gordo nos pastos).

Full disclaimer(diria, limpando num lenço o dedo sujo de Hipoglós, o colunista pederasta e esquerdista do New York Times): falo do Apicius para dissimular o meu constrangimento por estar fazendo algo que raia a matéria paga. Pois ontem fui conhecer o estabelecimento Ró Raw & Wine, sito à rua Pacheco Leão, 102, Jardim Botânico, São Sebastião do Rio de Janeiro. Obra de meu amigo Alexandre Lalas, um dos mais eméritos conhecedores das cousas do bom comer, do bom beber e do bom foder neste nosso país-continente. Pois, desta feita, o insuspeito Lalas resolveu surpreender-nos com uma empreitada que, não fosse o seu caráter utilitário, estaria a um passo da pederastia (um passo além): abriu um restaurante vegan, ou de cozinha vegana, como ele diz, dorso da mão na cintura, para não destoar da clientela.

Mas eu falava do caráter utilitário da obra, e o nosso bom Lalas nem chega a protestar demasiado quando o acuso de entrar nessa apenas e tão-somente para incrementar a quantidade de bucetas que tem perfurado em sua caminhada pelos nobres ofícios de sommeliere restaurateur. Convenhamos: para o macho que, à mesa, prefere antes comportar-se como o Obélix, a cozinha vegana soará a sacrilégio. Mas não é sacrifício muito diferente do sushi de quinoa no molho de miso e gergelim, que o macho-alfa suporta com estoicismo pela só promessa que o ritual enseja de, dali a uma hora, ele próprio estar com os cornos enterrados até os malares na xavasca da acompanhante.

É de rigor, no entanto, uma advertência de quem dessas cousas conhece um pouco. Nem vos falo da consistência da matéria fecal, mas esses ingredientes todos que ali abundam — leites de castanha e de macadâmia, pesto de pistache, a pletora de pratos com shitakes desidratados — costumam desenvolver gases horrendos na comensal. Portanto, se a idéia for cu, é melhor foder antes e comer depois.

Tudo isso deviam ser conselhos despiciendos. E seriam, não fosse o visível e progressivo aviltamento de todas as nossas habilidades, da sacanagem ao futebol, passando pela teledramaturgia. Pois, em matéria de foda, o ideal mesmo sempre foi o vivente consumir-se em heróicas exações antes das refeições, sob pena de ter uma congestão ou um enfarto e morrer — ou ainda, no cenário mais extremo, broxar. É só depois de arrebentar os entrefolhos à mulher amada que o homem civilizado deveria sentar-se à mesa para comer um bom bife. O ensinamento, pelo muito que tem de civilizatório, bem poderia ser de Norbert Elias. Mas é de Roberto Fontanarrosa, em El mundo ha vivido equivocado. Nisso como em tudo o mais.

Bom apetite e boas fodas. Mas, por favor, não nessa ordem.

Viewing all 31 articles
Browse latest View live